
Graduado em Direito pela
Universidade de São Paulo (1976) e atuando na área do Turismo desde 1983,
Caio Luiz de Carvalho já exerceu diversas funções públicas ao longo da sua
carreira. Foi Ministro de Estado do Esporte e do Turismo (2002); Presidente
da EMBRATUR - Instituto Brasileiro do Turismo (1995-2002); Presidente eleito
do Conselho Executivo da Organização Mundial de Turismo (1999-2000);
Secretário Nacional de Turismo e Serviços do Ministério da Indústria do
Comércio e do Turismo (1992-1995). Desde 2005 é Diretor Presidente da São
Paulo Turismo S/A, empresa de economia mista com participação majoritária da
Prefeitura Municipal de São Paulo. Também acumula a Presidência do COMTUR -
Conselho Municipal de Turismo. Além disso, é professor universitário e vem
fazendo o seu doutorado na USP, com o tema “Políticas públicas para o
Desenvolvimento do Turismo Receptivo Internacional no Brasil”.
Entrevista –
Caio Luiz de
Carvalho
Como o Sr. iniciou na área do turismo e qual foi a pessoa que mais o
influenciou ao longo da sua carreira.
Comecei na atividade turística em 1983, como Coordenador de Turismo do Estado
de São Paulo, na Secretaria de Esporte e Turismo, comandada pelo saudoso
Caio Pompeu de Toledo no Governo de Franco Montoro.
Inevitavelmente, como todos que, como eu, tiveram a satisfação de trabalhar e
aprender com ele, sempre nutri grande admiração por Caio Pompeu que, apesar
de ter partido prematuramente, aos 51 anos, deixou um legado que até hoje
alimenta nossos ideais, objetivos e sonhos. Ele certamente foi e tem sido
uma grande inspiração para mim.
Há outros empreendedores que admiro. Entre eles, não poderia deixar de citar
Paulo Gaudenzi, ex-Secretário de Cultura e Turismo da Bahia, a quem chamo de
"professor", responsável por mudar a história do turismo baiano e
nordestino, além de inspirar diversos destinos brasileiros.
Com base na experiência como ex-ministro e ex-presidente da EMBRATUR, como o
senhor analisa o PAC (Programa de aceleração do crescimento) e a atenção que
está sendo dada ao Turismo no Brasil.
O PAC nada
mais é que uma reunião de ações já planejadas e que supostamente precisavam
de prioridade para sair do papel e passaram a contar com mais esse estímulo
e facilitação.
No caso específico do Turismo, apesar de o País estar em constante evolução
desde 1992, ainda é preciso ampliar o foco no turismo interno, assim como no
estudo de fluxos.
Também é necessário estar atento à fundamental questão dos gargalos
do transporte aéreo e no desenvolvimento de um turismo combinado, integrado
e potencializado no continente sul-americano. Mas há muito sempre por fazer,
criar, inovar.
Deve-se partir já para a requalificação dos sistemas de transporte aéreo e
intermodais, implantar infra-estrutura adequada nos aeroportos, ofertar mais
vôos, criar modelos de deslocamentos mais rápidos a destinos sonhados e,
acima de tudo, dar conforto e garantia de segurança a quem viaja e investe
no segmento.
É tempo ainda
de companhias aéreas inteligentes, de exploração de nichos e segmentos de
mercado, de fidelizar e seduzir com criatividade o imaginário dos turistas
que nos visitam. Ou seja, roteiros inusitados e segmentados em vez dos
pacotes turísticos tradicionais.
Como a economia, o turismo no Brasil cresce, mas abaixo dos índices mundiais e
muito abaixo dos indicadores dos países em desenvolvimento. Além disso,
nossa balança do turismo continua negativa. Brasileiros estão gastando no
Exterior mais do que estrangeiros aqui, pelos dados divulgados pelo Banco
Central.
O governo tem
trabalhado e feito muito nos últimos 15 anos. Mas estamos nos mesmos 5
milhões de turistas estrangeiros que recebíamos em 2000, ainda que o
faturamento com o turismo interno tenha crescido.
Mas é importante salientar que já temos a atenção do poder público e a
conscientização de setores estratégicos para a importância do turismo, o que
foi uma grande luta da qual todos participamos e que não acontecia até 10 ou
15 anos atrás. Mas precisamos evoluir nas nossas conquistas. Com isso, o
Brasil pode melhorar sua posição no cenário mundial.
Com base na sua formação em Direito, o que o senhor acha do atual
desmantelamento das normas jurídicas federais (falta de regulamentação)
relacionadas ao Turismo no Brasil?
Há alguns anos, os setores que compõem o Turismo lutaram por
desregulamentação, uma vez que, muito rígidas, as regras em excesso
amarravam e comprometiam a agilidade dos segmentos. Por conta disso, na
década de 80, as regras diminuíram ou foram desburocratizadas, apesar de
algumas continuarem em vigor tendo em vista a necessidade básica de
organização.
No entanto, após um período, apesar da tendência mundial de mercado pela
auto-regulamentação, os novos tempos e o próprio funcionamento do setor
mostraram a necessidade de novas regras, especialmente as que regulavam a
relação entre os diversos setores.
As agências de viagens, por exemplo, lutam há cerca de 10 anos pela
regulamentação da atividade, que acaba de ser aprovada no Senado e volta
para mais uma votação na Câmara. A Lei Geral do Turismo também foi aprovada
no Senado no mês passado, mas ainda precisa voltar à Câmara.
Concordo que processo é moroso e não acompanha as necessidades, porém esse é
um problema do funcionamento das leis no Brasil. De qualquer forma, creio
que o mercado vá encontrando seus caminhos.
Só é muito triste quando se atenta para a importância de certas questões
somente mediante uma tragédia, como foi o caso dos acidentes com os aviões
da Gol e da Tam em 2006 e 2007 respectivamente, em um momento em que mercado
já sinalizava para a necessidade de estruturar aeroportos, muito mais do que
reformá-los esteticamente ou transformá-los em shoppings.
O que está impedindo que existam mais facilitadores para a operação do Turismo
em São Paulo?
Já melhorou bastante. Quando assumi a São Paulo Turismo em 2005, a cultura de
nossos operadores e agentes eram basicamente do turismo exportativo, isto é,
trabalhar para que os paulistanos e moradores da cidade viajassem com origem
na capital paulista para destinos diversos.
Hoje, depois de um árduo trabalho, atuamos em parceria com cerca de 40
operadores de receptivo, que compreenderam que fazer turismo em São Paulo é
um bom negócio para o turista e para eles.
Também podemos dizer que evoluímos bastante junto a outros setores que compõem
a cadeia produtiva do turismo paulistano, mesmo que indiretamente. No começo
foi um trabalho de conscientização e paciência pois, à medida em que o
paulistano e o habitante, como os maiores consumidores brasileiros, usufruem
as atrações locais freqüentemente, era difícil mostrar a empresários e
executivos o quanto que o turismo poderia agregar a seu negócio. A própria
população paulistana resistia à idéia de que a capital poderia se tornar um
grande destino turístico.
Hoje ainda a muito por fazer – sempre haverá – mas podemos dizer que o
panorama mudou muito e a capital paulista é um destino turístico vencedor.
Nossa ocupação hoteleira se aproxima dos 70%, 15 pontos percentuais acima de
2004. O ISS com a atividade turística também não pára de subir. Sua
arrecadação anual teve um incremento de 10,7% em apenas um ano ou de 97%
desde o início da década. E a cidade se firma como o maior destino
brasileiro e que vai muito além dos negócios e eventos. É reconhecida como o
principal centro de cultura, lazer e entretenimento da América Latina.
E para unir
negócios e lazer, conhecimento e cultura ou outro nicho aliado ao
entretenimento, precisamos de agentes de receptivo que saibam seduzir os
turistas com produtos direcionados e combinados. É obrigação estimular as
economias criativas e valorizar talentos que façam da cultura a nossa praia
e do conhecimento nosso valor econômico.
Vencida essas etapas, entre os desafios para continuar crescendo no turismo, o
próximo passo é conceber uma marca São Paulo, que represente tudo isso para
brasileiros e estrangeiros – global para o mercado doméstico e a única no
circuito das grandes metrópoles mundiais que permite uma experiência
especial, paulistana e brasileira para os estrangeiros.
Afinal, quanto mais artificial o mundo aparenta ser, mais todos nós exigimos o
que é real. E São Paulo representa isso, uma experiência genuína, a
oportunidade do turista se integrar à população, formada por mais de 70
nacionalidades, e viver uma experiência tipicamente paulistana. À medida que
a realidade é classificada, alterada e comercializada, os consumidores
reagem ao que é envolvente, pessoal, memorável e, acima de tudo, autêntico.
E São Paulo tem na autenticidade um de seus pontos mais fortes.
Além disso, lutamos para que o Parque Anhembi, que é administrado pela
SPTuris, viesse a ser reconhecido como um espaço fundamental da cidade,
tendo em vista a importância estratégica dos eventos para a capital
paulista. Porém, para isso, o espaço precisava ser ampliado, modernizado e
se tornar auto-sustentável. Assim, muitas novidades chegarão até fevereiro,
entre eles a automação do estacionamento (já em vigor), novos halls e
infra-estrutura no Palácio de Convenções, a reforma do telhado e a
climatização de todo o Pavilhão de Exposições etc.
Tudo isso foi feito junto com sucessivas medidas para alcançar melhor
resultado econômico e financeiro. Adotamos uma nova política comercial para
o Parque Anhembi, com resultados positivos e aumento da locação de espaços
de 50% (em 2005) para 75% (em 2007). Houve um crescimento de 369% entre o
número de contratos fechados para os múltiplos espaços do Parque. O valor em
2007 foi de R$ 209,5 milhões contra R$ 44,6 milhões em 2005.
Também tivemos um aumento na média de ocupação dos diversos espaços do
Anhembi, com destaque para o Palácio de Convenções e o Auditório Celso
Furtado, com aumento, respectivamente, de 36% e 33% entre janeiro e junho de
2005 para o mesmo período de 2008.
Assim comprovamos também que os eventos são realmente o ponto forte para o
aumento do nosso tráfego turístico, o que fortalece a necessidade de um
centro de convenções no padrão das grandes referências do mundo, o que pode
ser atingido com a ampliação do Parque Anhembi e uma nova área onde o futuro
é pensado.
Por conta disso, recentemente a Prefeitura de São Paulo fez a retomada de uma
grande área na região de Pirituba, que pode se tornar um moderno espaço
multiuso para eventos, feiras, convenções e arena para grandes shows. Tudo
de acordo com as necessidades e infra-estrutura dos novos tempos, visando
ser competitivo hoje e amanhã.
Não se trata de pensar o feijão com arroz e o imediato. É preciso estar
preocupado com o futuro de São Paulo, para que a cidade não perca sua
vocação e continue sendo um pólo de oportunidades.
Uma das marcas da sua administração na SPTURIS é a Virada Cultural. Vai haver
a continuidade na Virada Cultural? Existe alguma amarração política para sua
continuidade?
A Virada
Cultural, uma idéia do então prefeito José Serra, consolidou-se, após quatro
edições, como o grande evento de São Paulo. Não há em nenhum lugar do mundo
uma manifestação cultural com tamanha dimensão e diversidade. E com o
amadurecimento atingido, a Virada também se consolidou definitivamente como
produto turístico.
Na quarta edição, em 2008, um grupo de 120 operadores e agentes de viagens do
Brasil e da América Latina participou do evento visando investir ainda mais
na promoção e venda de pacotes. E não podemos esquecer que a Virada
representa muito bem o posicionamento de São Paulo no Brasil e no Exterior
como o grande pólo cultural da América Latina, além de reforçar o estilo
diverso de uma cidade que pulsa 24 horas por dia.
Por tudo isso, a Virada Cultural se consolidou junto à população e vai muito
além de governos, tendo entrado definitivamente para o Calendário da cidade.
Com isso, acredito, sua importância está definida e os próprios moradores
sempre demandarão sua realização.
Para se ter uma idéia, o governador José Serra levou a iniciativa a outras
cidades, criando a Virada Paulista, que acontece em menores proporções em
diversos municípios do Estado de São Paulo.
Assim como outros eventos importantes da capital paulista, como Fórmula 1, São
Paulo Fashion Week, Bienal do Livro, Carnaval, etc, a Virada se inseriu no
calendário em função de sua demanda e não de imposição. Por isso, pela
lógica deve continuar aí por muitos anos. A verdade é que a nossa grande
praia são a diversidade e a agenda cultural da cidade.
Como o Sr. vê o carnaval de São Paulo na relação custo-benefício, uma vez que
há polêmica da ligação das escolas de samba com a criminalidade? Esta
ligação não pode manchar a imagem do Brasil no exterior?
O Carnaval
está mais profissionalizado ano a ano, o que cada vez mais impede que
fatores externos aos interesses dos desfiles intervenham de forma
significativa em sua realização.
Hoje, com toda a experiência na SPTuris, posso dizer que o Carnaval de São
Paulo é uma grande festa da comunidade do samba para a população e também
para os turistas. É um evento que gera empregos e renda, atrai visitantes,
preserva e valoriza a cultura do samba na cidade e divulga São Paulo para
País e o exterior. Na última edição, cerca de 28 mil turistas vieram
prestigiar os desfiles e movimentaram cerca de R$ 40 milhões na economia da
cidade.
Como se vê, é um evento que vive um incremento significativo a cada edição.
Ainda há o que evoluir sempre, mas a festa está em constante crescimento e
já se firmou como mais um grande evento da cidade, feito do povo para o
povo, com o apoio do poder público e que projeta um rico lado cultural
paulistano para o Brasil e o mundo. E quanto à criminalidade, só tenho a
elogiar o trabalho que as escolas desenvolvem junto às suas comunidades.
Baseado na sua experiência como administrador da área esportiva, quando ela
pertencia a mesma secretaria de Turismo, como a cidade de São Paulo está se
preparando para a Copa do Mundo de 2014? Qual será a contribuição da
SPTURIS? Há um planejamento neste sentido?
São Paulo é oficialmente candidata a integrar o seleto de grupo de pouco mais
de 10 cidades-sede para a Copa de 2014 no Brasil. Tenho certeza de que,
considerados os fatores fundamentais para o sucesso do evento, São Paulo
estará entre as escolhidas, visto que a capital paulista é a cidade com mais
infra-estrutura para receber esportistas e visitantes do País, contando, por
exemplo, com a maior oferta de vôos do continente sul-americano.
Isso pode ser visto no dossiê da cidade para abrigar as competições, concluído
no ano passado. O estudo de viabilidade reuniu todos os aspectos, desde
infra-estrutura esportiva e turística, até ambiental, de segurança, saúde e
transportes. E comprovadamente a cidade tem todas as condições para ser uma
das principais sedes.
Além de já possuir a maior e mais qualificada rede de hotéis, hospitais e
serviços do País, São Paulo encaminha outras ações para receber a Copa. A
ampliação do Metrô, que já está acontecendo e vai ser concluída até 2010; a
reforma do estádio do Morumbi (estádio indicado para receber os jogos),
projetada e com verba da iniciativa privada; a compensação ambiental; a
capacitação dos profissionais do turismo receptivo (taxistas, guias e
agentes de viagens), em andamento e que deve qualificar mais de 4.200
pessoas só neste ano; a sinalização turística viária de padrão
internacional, que está sendo implantada e vai contar com 600 placas pela
cidade até dezembro; entre muitas outras iniciativas que se encontram em
pleno andamento e vão colaborar sensivelmente para receber os jogos da Copa
de 2014.
O poder
público já se mostrou bastante sensível às demandas exigidas pela Fifa e
ninguém possui mais condições de atender o caderno de encargos do evento do
que São Paulo. E por razões como essas, a cidade deve sediar o jogo de
abertura e muito provavelmente o Congresso da Fifa que antecede o evento.
Duas curiosidades: qual a principal dificuldade que encontrou na sua gestão a
frente da SPTURIS? E a frente da EMBRATUR?
São Paulo era um destino conhecido somente por receber visitantes de negócios
e a então Anhembi Turismo e Eventos tinha como perfil principal realizar
alguns eventos da capital paulista e administrar o Parque Anhembi. Quando
assumimos, mudamos o nome para São Paulo Turismo por acreditar que a empresa
de promoção turística e de eventos da cidade precisa trazer o destino
promovido no nome.
Na verdade, São Paulo ainda não havia trabalhado, de forma efetiva, seu
potencial turístico. Sempre voltou suas ações para os eventos e deixava o
turismo de negócios seguir seu rumo, uma vez que ele acontece naturalmente.
Destino de mais de 70% dos vôos internacionais que chegam ao País (dos quais
45% vêm a negócios), São Paulo satisfez-se com essa condição e nunca
investiu na criação de produtos inusitados capazes de seduzir o imaginário
do turista de negócios, de congressos, de eventos, de convenções. Esse
turista, afinal, viaja impreterivelmente por obrigação profissional, e não
por lazer. E, por isso, como não é seduzido ou estimulado por ofertas
diferenciadas, retorna à origem uma vez concluído o trabalho.
Assim, a cidade compreendeu, em sua integralidade, a obrigação de pensar e
oferecer produtos capazes de sensibilizar o turista que aqui desembarca.
Foram traçadas macro-estratégias para posicionar e gerar percepções da
metrópole não só como capital dos negócios e dos eventos (claro que esses
são alguns dos nossos pontos altos e continuarão sendo), mas da vanguarda,
do conhecimento e entretenimento da América Latina. Para isso, foi
imprescindível conquistar também o imaginário e a alma do paulistano.
A partir daí,
começamos a trabalhar São Paulo não somente como o principal destino de
negócios do continente, mas também como destino turístico, uma cidade
global, moderna e antenada, que possui a maior oferta cultural da América
Latina, capital do lazer, gastronomia e do conhecimento no País. Lançamos a
campanha "Fique Mais Um Dia", para estimular os milhares de turistas de
negócios a permanecer mais tempo na cidade após seu compromisso profissional
para aproveitar também a oferta cultural e de lazer oferecida. E não paramos
mais.
Atuamos em parceria com o SP Convention & Visitors Bureau para atrair mais
eventos para cá, nos aproximamos das agências de turismo da cidade e dos
hotéis, assim como promovemos diversos cursos de capacitação para taxistas,
guias e agentes para ajudar na evolução do receptivo local. Montamos um
núcleo de pesquisa para fornecer números aos potenciais investidores e
trabalhar profissionalmente com indicadores e metas reais.
Lançamos o Turismetrô, uma maneira de conhecer a cidade a baixo custo, levamos
a promoção de São Paulo para feiras nacionais e internacionais do segmento
turístico, e muitas outras iniciativas, como "Super Weekend", "São Paulo de
Tanque Cheio", "Circuito São Paulo Samba", "Natal Iluminado", "Roteiros
Temáticos", fizemos campanhas de divulgação da cidade, incluindo uma de
quatro meses na CNN Internacional etc.
Além dos eventos que já contavam com nossa parceria, passamos a apoiar também
grandes eventos que agregam valor cultural, divulgam a cidade para todo o
Brasil e o mundo e, conseqüentemente, atraem turistas e geram renda para a
capital paulista, como é o caso da São Paulo Fashion Week, Casa Cor, Mostra
Internacional de Cinema etc.
E os
resultados vieram. Fechamos 2007 com índice de ocupação hoteleira inédito,
de 67%. O crescimento na receita por quarto de hotel ocupado foi de 28%. São
Paulo também ganhou naquele ano a liderança nas Américas (a frente de Nova
York, Vancouver, Buenos Aires etc) entre os destinos que mais sediam eventos
internacionais.
Outra boa notícia para o setor é que a ocupação continua subindo sem
sacrificar o valor da diária nos hotéis, o que garante a rentabilidade, a
estabilidade do setor, a movimentação financeira e a geração de empregos. Em
maio de 2008, a diária média aumentou 12,68% em comparação ao mesmo período
de 2007 ou 5,15% acima da diária registrada em abril.
O desempenho nem de longe lembra a dura realidade do fim dos anos 90 e
primeiros anos desta década, quando a ocupação mensal ficava em torno de 40%
a 50%, com pequenas variações. Nesse período difícil, a capacidade dos
hotéis da cidade era muito maior que a demanda e trabalhava-se com mais da
metade dos quartos na ociosidade.
Hoje, nos fins de semana, quando há tradicionalmente menos eventos e negócios,
a média de ocupação se mantém com índices bastante positivos em função do
turismo de lazer, cultura e entretenimento. Uma novidade.
Já na Embratur, o momento e as necessidades eram outros. Comecei na Secretaria
Nacional de Turismo e Serviços em 1993, tendo assumido a Embratur em 1995
onde fiquei até ser nomeado ministro do Esporte e Turismo em 2001.
Nesse período, nosso maior desafio era realmente atentar poder público e
sociedade para a importância estratégica da atividade turística como
geradora de empregos, renda e inclusão social.
Mostrar que turismo não era apenas lazer e sim um negócio bom para a
sociedade, acredito, foi meu grande desafio. E posso dizer que foi cumprido.
Um dos maiores aliados em todo esse processo, além da parceria da iniciativa
privada em todos os setores que compõem o turismo, foi o Projeto Nacional de
Municipalização do Turismo (PNMT).
Isso porque, uma vez que você começa a conscientizar a população em pequenas
parcelas, e ela começa a sentir os benefícios da atividade no seu dia-a-dia,
a questão ganha força. Sob esse aspecto, o município era estratégico, daí um
projeto tão bem-sucedido que, à época, trouxe muitos ganhos para as
sociedades e o turismo em geral.