Ricardo Uvinha é o atual coordenador no curso de
Bacharelado em Lazer e Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo - USP. Com trabalhos publicados em artigos e livros
a nível internacional, o Prof. Uvinha apresenta de forma instigante suas
opiniões bem alicerçadas sobre o Turismo de Aventura, o lazer e o ensino de
Turismo, com especial destaque para o diferenciado curso da EACH/USP.
Espera-se que os leitores apreciem este bom papo com um intelectual
diferenciado _ viajante do mundo e apreciador da cultura chinesa.
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Entrevista – Ricardo Uvinha
1) Como o senhor iniciou a sua carreira na área de Turismo?
A minha
formação em ensino fundamental e médio se deu em grande parte na escola
pública. Já no início do antigo “colegial”, tinha claramente a idéia de
prestar vestibular para atuar como professor, se possível aliando tal
profissão com a minha clara inclinação para a disciplina que mais apreciava na
escola: a Educação Física.
A relação com
a prática da atividade física e a perspectiva de atuação com conteúdos
recreativos no tempo livre das pessoas me levou a iniciar minha formação
superior aos 17 anos de idade na graduação em Educação Física, obtendo o
título de Licenciatura Plena em 1990. Durante tal formação, o conteúdo
atrelado à recreação e sua aplicabilidade ao lúdico e a educação me
despertaram para realizar cursos e experienciar atividades temáticas, como a
ida a acampamentos de férias e freqüência a eventos diversos de associações
classistas das várias empresas situadas no ABC paulista.
Ainda na
graduação, passei num concurso público da Prefeitura Municipal de Santo André
para estagiário em lazer junto ao Departamento de Esportes, atividade que teve
continuidade mesmo depois de formado como prestador de serviços, atuando
sobretudo como coordenador da equipe de ruas de lazer, tarefa que eu e meu
grupo realizávamos praticamente todos os Domingos, principalmente nas
periferias da cidade. Senti-me estimulado a continuar meus estudos no campo do
lazer realizando um curso de formação continuada (180h/a) em 1991, em
Técnico em Recreação pela mesma instituição ao qual me graduei.
Atuando
profissionalmente nesta época como docente da disciplina Educação Física em
escolas de ensino fundamental e médio e como monitor de hotel e eventos em boa
parte dos finais de semana, senti necessidade de dar continuidade aos meus
estudos acadêmicos.
Fui aprovado
assim no processo seletivo de ingresso da Faculdade de Educação Física da
Universidade Estadual de Campinas – FEF/UNICAMP para cursar a minha primeira
pós-graduação lato sensu no ano de 1992, temática a Educação Física
Escolar. No ano seguinte, realizei a segunda especialização, já
especificamente na área de Recreação e Lazer, também por ingresso em processo
seletivo na FEF/UNICAMP. Tais cursos foram fundamentais para definir
academicamente qual seria minha trajetória: os estudos do lazer e sua relação
transversal com distintas áreas do conhecimento.
Após cumprir
meu Mestrado de 1995 a 1997 na FEF/UNICAMP, área de concentração em Estudos do
Lazer, fiz uma mudança brusca e propositada no ano de 1998, no intento de uma
diversidade de acesso aos estudos de pós-graduação. Apesar de uma ascensão ao
Doutorado muito provável na própria UNICAMP, já que vinha acumulando seis anos
como aluno de pós-graduação, decidi prestar o processo seletivo da
Universidade de São Paulo. Já havia cumprido duas disciplinas na universidade
como aluno especial, uma na FFLCH e outra na ECA, e sentia a necessidade do
diálogo com o lazer para além da Educação Física. A “ousadia” foi recompensada
com a aprovação para cursar em 1999, como aluno regular, o Doutorado em
Ciências da Comunicação da ECA-USP na área de Relações Públicas, Propaganda e
Turismo.
Desde então
venho militando profissionalmente e academicamente no Turismo, publicando
artigos, livros, capítulos de livros, apresentando trabalhos em congressos
temáticos, participando em bancas de conclusão de cursos e de processos
seletivos e estimulando meus alunos e orientandos a fazer o mesmo, em prol do
crescimento dos estudos do lazer e sua interface com o turismo.
2)
Qual foi o professor que mais o influenciou?
Eu enfatizaria a
influência de um conjunto de professores na minha formação, não apenas de um
mestre. Na minha trajetória pelo Mestrado, na UNICAMP, devo destacar os
seguintes docentes: os professores doutores Heloísa Bruhns, Nelson Marcellino,
Jocimar Daolio, Antônio Bramante e Paulo de Salles Oliveira. Na USP, destaco
os professores doutores Américo Pellegrini Filho, Sérgio Costa, Olga Tulik,
Dóris Ruschman e José Guilherme Magnani. Os professores mencionados são
oriundos de formações diversas (Educação Física, Turismo, Economia,
Sociologia, Antropologia, Psicologia, Jornalismo, Geografia) e convergem no
fato de possuírem uma reconhecida atuação acadêmica e profissional nos campos
do lazer, educação e turismo.
3) Sobre a carreira do senhor, poderia começar explicando a sua opção pelo
Turismo de Aventura como área de estudo?
Tive a oportunidade
de me dedicar ao estudo dos ditos “esportes radicais” atrelados ao campo da
Educação Física e do Lazer desde 1993. O estudo tomou força principalmente
durante a Dissertação de Mestrado (1995-1997), defendida no Departamento de
Estudos do Lazer da UNICAMP[i].
Tal estudo mostrou, entre outros relevantes fatos: a) que havia uma expressiva
carência de estudos acadêmicos referentes ao assunto na literatura brasileira;
b) que residia uma significativa possibilidade educativa advinda da prática de
atividades de aventura, para além de uma análise reducionista e funcionalista
no excessivo apego aos mass media. Abria-se aí uma interessante
oportunidade de mercado de trabalho para o profissional em Educação Física,
Esportes e Turismo.
A partir desse
panorama, busquei ter o Turismo de Aventura (TA) como área de estudo no
Doutorado na ECA/USP (1999-2003)[ii],
delimitando dois problemas centrais para o desenvolvimento do trabalho, um
fundado na possibilidade de caracterizar a aventura enquanto um segmento no
campo do turismo; e outro, no encaminhamento que vinha sendo dado à
implantação de projetos voltados ao estímulo do TA nas políticas setoriais, em
especial nas públicas.
4) No seu doutorado, sobre o Turismo de Aventura na Vila de Paranapiacaba, a
posição adotada foi de defender a participação da população local na
administração do turismo ali praticado. Generalizando, a pouca ou nenhuma
participação da comunidade no gerenciamento turístico da localidade é um dos
problemas do Turismo no Brasil?
A escolha por
Paranapiacaba, um sub-distrito do município de Santo André- SP, se deu por uma
série de fatores, entre eles o fato de a Vila, adquirida na administração do
ex-prefeito Celso Daniel, ter recebido a promessa de revitalização do espaço
por meio do turismo, em especial o TA. Tal projeto, encaminhado para o local,
defendia a implantação do “Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico de
Paranapiacaba – Santo André”, fomentado pela parceria da prefeitura com
empresas da região, mediada por uma empresa especializada em consultoria
turística. Na proposta, procurava-se estimular atividades de turismo ligadas
ao dito “esporte de aventura”, como o abseiling, o cascading, o
canyoning, o mountain biking, o trekking, o off road,
entre outros.
Os
dados coletados no decorrer da pesquisa demonstraram que o TA, estimulado
muito recentemente naquele momento na Vila de Paranapiacaba enquanto uma ação
a partir do poder público em parceria com o setor privado, enumerava uma série
de fatores positivos e negativos como conseqüência de sua implantação. Por um
lado, confirmou-se que tal segmento vinha se consolidando como um dos
principais eixos no projeto de revitalização da Vila, na concepção de
políticos e empresários da região. A partir da promulgação de propostas,
acenava-se uma grande possibilidade de acréscimo da demanda de turistas pela
ampla conjuntura favorável ao estímulo do TA enquanto chave de desenvolvimento
da localidade.
Por
outro lado, algumas preocupações se mostraram importantes, como: as relações
entre os estabelecidos moradores locais e os novos visitantes; o
aproveitamento desta mesma população local naquela nova formatação turística a
fim de evitar alijá-los desse processo; o desafio de conjugar a implantação de
um novo plano mantendo as características arquitetônicas locais e resistindo à
especulação imobiliária na localidade; o impacto físico da prática do TA na
natureza local, já que em prática tinha-se mostrado muito difícil conciliar
com rigor demanda e oferta.
Tais ocorrências
auxiliam a refletir sobre parte da sua pergunta. Entendo que, de fato, a pouca
ou nenhuma participação da comunidade no gerenciamento turístico da localidade
pode ser tornar um problema do Turismo. Mas, evidentemente, tal processo não
se dá somente no Brasil. Os estudos temáticos demonstram que o Turismo pode
trazer uma série de efeitos benéficos numa localidade se realizado com
planejamento, podendo se consubstanciar como ferramenta vital para a
preservação dos recursos naturais e patrimoniais, para a geração de um
desenvolvimento socioeconômico e para a montagem de uma estrutura que atenda
não somente o turista, mas também que sirva ao residente no seu dia-a-dia.
5) O senhor acha que há consenso entre os pesquisadores sobre o conceito de
turismo de aventura? A prática da Aventura se caracteriza como um tipo de
turismo?
Referindo-se a
segunda parte da pergunta, defendo a Aventura como uma “categoria” no campo do
Turismo. Na realidade brasileira, entendemos o chamado TA como um
segmento no campo mais amplo do turismo, exprimindo forte influência
estrangeira em sua configuração (em especial na criação e execução de
modalidades a ele atreladas), e comumente associado à esfera do “ecoturismo”
ou “turismo ecológico”. Vejo uma relação muito próxima entre o elemento
“aventura” no turismo e os ditos “esportes radicais”, os quais constituem a
principal base fundante desse segmento turístico.
Compreendo que,
definitivamente, não se tem um consenso sobre o conceito de TA. Aliás, tal
segmento vem acompanhado de uma série de imprecisões quanto ao seu
entendimento. Um exemplo disso se mostra na venda de “pacotes” turísticos
temáticos, quando é possível encontrar no mercado viagens ligadas ao
ecoturismo, turismo de aventura, turismo esportivo, turismo ecológico, turismo
verde, turismo alternativo, turismo exótico, entre outros.
A imprecisão quanto
aos termos também é observada na abordagem do esporte radical, elemento
fundamental e, no nosso entendimento, em si constituinte do turismo de
aventura. O termo “radical” nesses esportes vem sendo associado, tanto na
literatura acadêmica como em senso comum, a outros como “de aventura”, “de
natureza”, “de verão”, “outdoor”, “extremos” e “alternativos”. Parece
haver uma tentativa de fugir do termo radical nessas atividades buscando uma
conotação mais light para a sua prática, sob pena de perder um público
não familiarizado ao risco, certamente presente em tais modalidades[iii].
Entendo, portanto,
que todas as distintas atribuições ao termo “radical” verificadas
anteriormente em muito se aproximam e podem ser entendidas como sinônimos, já
que, em tese, mostram-se praticamente idênticas. Se verificarmos na literatura
estrangeira especializada, academicamente, tanto a palavra “radical” como os
demais termos anteriormente mencionados aparecerão sem significativas
distinções. Assim, nada impede que o termo “aventura” no Turismo possa ser
substituído pelo termo “radical”, mas isso poderia causar alguns prejuízos por
sugerir no mercado temático uma imagem depreciativa e pouco comercializável.
6) Fora do âmbito acadêmico, não parece ao senhor que a mídia transformou o
Turismo de Aventura numa moda? E que estamos longe de uma preocupação
ambiental ou com o, cada vez mais utópico, turismo sustentável?
O crescimento da
prática/ consumo do TA na sociedade atual evidentemente também tem sua relação
com o estímulo realizado pela mídia, aparelho esse que exerce relação bastante
próxima com a disseminação atual dos esportes de aventura colaborando para o
crescimento do segmento praticado em diversas localidades brasileiras.
Nessa conjuntura,
verifica-se como tendência uma aproximação muito intensa entre o TA e o
consumo de produtos ligados à prática de esportes. Este fato se deve seja pela
identidade de grupo que tais produtos procuram firmar, seja pela
funcionalidade de elementos necessários à prática de distintas modalidades de
esportes de aventura. O apego ao “verde” é algo expressivo na sociedade atual,
e este elemento também vem sendo amplamente comercializado com a promessa
muitas vezes funcionalista de fuga dos problemas encontrados no urbano.
Deve-se estar atento
para o fato que a prática do TA em algumas localidades pode causar impactos
ambientais, como a poluição da água provocada pelo cascading e
canyoning; a poluição sonora e do ar na prática de esportes motorizados
como o motocross e o jipe offroad; a elevada incidência de
incêndios ocasionada por acampamentos levantados por praticantes de
trekking na mata; e a erosão aguçada por adeptos de mountain biking.
Entretanto, a atual discussão sobre a normalização e certificação desse
segmento no Brasil é importante para colaborar no sentido de minimizar esses
impactos, a partir de uma prática segura e bem gerenciada, auxiliando assim a
impulsionar o TA e incluindo definitivamente o país como um destino
internacional no já estabelecido circuito temático mundial[iv].
7) Antigamente, a definição de lazer estava vinculada de forma bastante
estreita com a do tempo livre. O senhor acha que este modelo antigo mudou?
Assim como no caso
do TA anteriormente abordado, a conceituação sobre o lazer também varia
consideravelmente. A definição oferecida por Joffre Dumazedier, por exemplo,
em que o lazer seria “Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode
entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se,
recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação
desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade
criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares e sociais”[v]
coloca tal esfera social intimamente dependente da aproximação com o tempo
liberado das obrigações.
Verificamos na
produção temática brasileira um considerável apego à teoria dumazediana.
Entretanto, se por aqui parece um consenso o reconhecimento da contribuição de
Dumazedier na constituição do que se convencionou chamar de Sociologia do
Lazer, por outro lado nos chama a atenção o desapego da utilização deste autor
na literatura em língua inglesa mais contemporânea, em importantes trabalhos
publicados no Reino Unido, Austrália e Estados Unidos da América. Já tive a
oportunidade de escrever detalhadamente sobre tal fato em trabalho anterior[vi].
Penso que não se
trata de dizer que a definição de lazer vinculada com o tempo livre seja um
“modelo antigo” de abordagem do tema ou que a teoria dumazediana esteja
defasada, até porque tal autor não limita a abordagem do lazer somente ao
condicionante “tempo”. Contudo, entendo que alguns autores mais contemporâneos
vêm procurando ressaltar o lazer para além das dimensões do tempo e atitude,
relacionando-o também a “estado da mente”, como bem pontua Henderson “O
conceito de lazer é difícil de limitar a uma única definição. Como uma
experiência compreendida por indivíduos diante de variados contextos, o estudo
do lazer tem estado envolvido em três abordagens: tempo, atividade e estado da
mente”[vii].
8) Após anos como coordenador de curso de Turismo de Faculdade particular,
atualmente o senhor exerce a mesma função numa universidade pública. Quais as
lições aprendidas, semelhanças e diferenças nestas duas formas de gestão?
Com 22 anos
de idade, fui convidado para atuar como docente em nível superior na FEFISA,
instituição que havia me graduado e que apresentava uma série de desafios:
turmas com 120 alunos por sala do primeiro ano da graduação em Educação
Física, numa disciplina voltada a Sociologia do Lazer e do Esporte.
Permaneci na
referida instituição por onze anos, atuando em diversos setores como docência,
coordenação de graduação, coordenação de extensão, orientador de pesquisa e
membro de diversos colegiados. Entre outras ações nessa instituição, colaborei
para a abertura do Bacharelado em Turismo, atuando como coordenador do mesmo
por quatro anos até a formação da primeira turma.
Em 2004,
prestei a seleção de docentes para o que seria em 2005 uma nova unidade da
USP: a USP Leste. Fui aprovado no primeiro processo seletivo do Curso de Lazer
e Turismo. Desde então, exerço o cargo na hoje intitulada Escola de Artes,
Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP), como professor
associado MS-5 em regime de Regime de Dedicação Integral à Docência e Pesquisa
junto ao Curso de Lazer e Turismo, períodos vespertino e noturno, com 120
vagas/ano.
Na EACH/USP, a
despeito das diversas atividades administrativas e organizacionais que venho
me dedicando nesses últimos anos na unidade (como membro titular de comissões
e colegiados, participação em bancas de concurso de novos docentes,
orientações de alunos bolsistas, entre outros), certamente a mais desafiadora
tem sido coordenar o Curso de Lazer e Turismo, diante de um qualificado grupo
de 20 docentes e quase 500 alunos.
Diferenças se
apresentam na tarefa de coordenador nos distintos sistemas (privado e
público), mas um fator semelhante é a responsabilidade de se fazer o melhor
pelo grupo. Nessa trajetória, situações especiais ocorreram, como o fato de eu
ter sido escolhido como paraninfo da primeira turma de formandos do Curso de
Lazer e Turismo da EACH/USP.
9) Sobre a EACH/USP Leste, no que se difere especificamente o curso de Turismo
e Lazer desta unidade da USP em relação ao outro curso de Turismo da própria
USP e do restante do Brasil?
Em agosto de 2006,
participei no evento “Veredas”, realizado pela Agência de Comunicações da ECA
Jr., em que se tinha o objetivo de debater as semelhanças e diferenças dos
Cursos de Turismo da ECA/USP e de Lazer e Turismo da EACH/USP. Na
oportunidade, apresentei as principais características da nossa unidade e
curso. Nota-se evidentemente que os mencionados cursos apresentam diferenças
em seus Projetos Político Pedagógicos, também pelo fato de estarmos num Curso
de Lazer e Turismo (e não de Turismo). Aproveito para ressaltar que temos uma
relação de significativa proximidade e de respeito mútuo entre os professores
de ambas as unidades.
Devo destacar que a
proposta do Curso de Lazer e Turismo da EACH/USP objetiva propiciar um
desenvolvimento profissional aos seus alunos com a possibilidade de
transmissão de novas informações, de pesquisas atualizadas, com um efetivo
rigor nos enfoques científicos e técnicos próprios da área, além de uma visão
humanista, criadora, moderna e distinta. A característica desse curso que pode
diferenciá-lo dos demais é primeiramente pelo fato de que está inserido numa
proposta inovadora e não-departamentalizada de unidade. Segundo, por que
propõe um enfoque também na formação acadêmica e profissional no lazer, campo
esse geralmente abordado de forma superficial nos cursos de Turismo no país.
10) Por fim, rompendo com a formalidade, duas dúvidas pessoais. A sua última
conquista – a defesa da Livre-Docência –, arrancou elogios rasgados do Prof.
Américo Pellegrini Filho. Parece que ele tem uma grande afeição pelo senhor.
E, como anda o seu aprendizado em chinês?
Devolvo o elogio ao
professor Américo, que teve uma importância ressaltada na minha formação e por
quem alimento grande amizade.
A defesa da
Livre-docência me permitiu aguçar o lazer como um componente universal da
cultura humana, que assume formas e significados diferenciados de acordo com
as características de uma dada sociedade. Abordar na minha tese os estudos do
lazer numa perspectiva internacional, ressaltando aspectos relacionados aos
campos do turismo, esportes e educação na China analisados em sua conjuntura
histórica, social e cultural, me permitiu compreender a importância desse país
no cenário geopolítico atual.
Vinha mantendo
contato com pesquisadores temáticos chineses desde 2004, quanto atuei como
pesquisador visitante no Department of Tourism, Leisure, Hotel and Sport
Management da Griffith University na cidade de Brisbane, Austrália.
Fundamentado com informações sobre o objeto a ser estudado, viajei para a
China em 2006 e realizei pesquisa de campo nas cidades de Beijing, Shanghai
e Hangzhou (cidades essas escolhidas por sediarem os três
principais eventos da década no país e por sua expressividade no setor
acadêmico de lazer e turismo). Tive uma grande colaboração na minha tese dos
pesquisadores do College of Tourism – Zhejiang University.
Quanto ao
aprendizado do chinês, infelizmente não progrediu como esperava, pela
expressiva dificuldade de desenvolvimento do idioma frente às várias demandas
que a vida acadêmica impõe. No entanto, procuro constantemente tomar intensivo
contato com a fascinante cultura oriental, seja pela música, gastronomia,
vestuário, entre outros.
[i]
UVINHA, R. R. Lazer na adolescência: uma análise sobre os skatistas
do ABC paulista. 1997. Dissertação (Mestrado em Educação Física),
Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas,
UNICAMP, 1997.
[ii]
UVINHA, R. R. Turismo de aventura: uma análise do desenvolvimento
desse segmento na Vila de Paranapiacaba. 2003. Tese (Doutorado em Ciências
da Comunicação - Turismo e Lazer), Escola de Comunicação e Artes,
[iii]
Aprofundei tal discussão em: UVINHA, R. R. Esportes radicais e turismo:
análise conceitual. In: TRIGO, L. G. G. (Ed.). Análises regionais e
globais do turismo brasileiro. São Paulo: Roca, 2005, p.: 437-447.
[iv]
Mais informações em: UVINHA, R. R. (Org.) Turismo de aventura:
reflexões e tendências. São Paulo: Aleph, 2005.
[v]
DUMAZEDIER, J. Valores e conteúdos culturais do lazer. São Paulo:
SESC,1980, p.19.
[vi]
UVINHA, R. R. Turismo e lazer: interesses turísticos.
In: MARCELLINO, N.C. (Org).
Lazer e cultura.
Campinas, SP: Alínea, 2007. p. 47-64.
[vii]
HENDERSON, K. A. et. al.
Introduction to recreation and leisure services.
State College, USA: Venture Publishing, 2001.